domingo, 28 de outubro de 2012

PROGRAMACÃO CULTURAL E MUSICAL



O novo proprietário do “Caldeira Bar”, o Carbajal, contando com a colaboração de vários amigos e frequentadores, está elaborando uma programação de eventos que, brevemente será anunciada, porém, será possível antecipar alguma coisa.



  1. - HOMENAGENS AOS MÚSICOS DA MPB:

1.1        – VINÍCIUS DE MORAES – O evento aconteceu no dia 13 de Setembro, exatamente no mês e dia em que ele esteve reunido com os boêmios para celebrar a vida – foi afixado uma fotografia imensa, mostrando o nosso “Poetinha” rodeado pelos frequentadores daquele ano de 1974, com especial atenção ao Senador Fábio Lucena (a época era Vereador). Houve a participação dos cantores que frequentam o Bar e convidados - com um texto elaborado pelo bloqueiro Rochinha, a atriz Socorro Papoula fez uma apresentação impecável, além de recitar alguns poemas do homenageado. O ápice da festa foi a entrega de uma medalha de honra ao mérito ao Flávio de Souza, um instrumentista e um dos mais antigos frequentadores do bar;

1.2        - GONZAGUINHA – A homenagem foi no dia 29 de Setembro – houve alguns problemas técnicos, mas, nada tirou o brilho da festa. O blogueiro Rochinha elaborou novamente o texto, contando com a colaboração da atriz Socorro Papoula, mas, a grande homenageada foi exatamente a apresentadora, em decorrência de ter sido convidada para ir até o Rio de Janeiro, para assistir ao filme “A Floresta de Jonathas” (Festival de Cinema), pois teve uma marcante atuação (representou a mãe de Jonathas);

1.3        - CARTOLA – O show denominado “Só Cartola”, previsto para o dia 02 de Novembro – as músicas serão interpretadas pelo carioca “Pilão”, acompanhados pelos músicos da banda de pagode “Amor e Samba” – haverá muitas surpresas, não percam!

  1. ANIVERSÁRIO – Na próxima segunda-feira, dia 28 de Outubro, será o aniversário do Carbajal – quem comparecer ao evento, deve levar de presente duas latas de leite em pó – o total arrecadado será entregue a uma instituição filantrópica;
  2. ANIVERSÁRIO DO BAR – Segundo pesquisas de jornais antigos  levantados pelo bloqueiro Rochinha, aconteceu no dia 14 de Janeiro de 1970 uma explosão nas caldeiras do Hospital de Santa Casa de Misericórdia, com parte de uma caldeira indo cair próximo ao Bar Nossa Senhora dos Milagres e, por um milagre, não vitimou ninguém que estava bebendo no boteco, a partir de então, o estabelecimento passou a ser chamado “Caldeira Bar” – no mesmo dia em que acontecerá o aniversário da Praça 14 de Janeiro (o berço do samba de Manaus) - vai dar samba, com certeza!;
  3. PROGRAMAÇÃO SEMANAL – De quinta a domingo sempre haverá uma atração musical, com muito pagode aos sábados e, no domingo quem comanda o embalo são os músicos e cantores considerados “prata da casa”, um tradição de muitos anos;
  4. BANDA DO CALDEIRA BAR – Os organizadores estão formatando o evento para ser uma banda aos moldes da “BANDA DA BICA”, com marchinhas de carnavais, banda de metais, bonecos gigantes, confetes, serpentinas, alegria, descontração  e, muita cerveja no gogó!;
  5. PROGRAMAÇÃO CULTURAL – O bar estará aberto para o lançamento de discos e livros de cantores e autores locais. Aos poucos o interior do bar está sendo modificado, com exposição de dezenas de marcas da nossa cachaça, latinhas de cervejas, charges de antigos frequentadores, utensílios antigos, além de fotografias da nossa querida e amada Manaus – a parte externa foi pintada, dando um novo visual, existe até um projeto de fazer uma calçada com os traços da Praça de São Sebastião, contribuindo, dessa forma, para a revitalização do centro antigo, tendo em vista a vinda dos turistas para a “Copa do Mundo de 2014”.

O blog “CALDEIRABAR” está em fase de testes, esta ferramenta servirá para divulgação dos eventos, publicando fotografias e muito mais. É isso ai, parabéns a todos os Caldeirenses!

sábado, 27 de outubro de 2012

DRA. GRAÇA SILVA, GRANDE AMAZONENSE!


A Dr. Graça Silva, amazonense e manauense da gema, faz parte do meu circulo de amizades - apesar de ter os traços de uma europeia, se orgulha muito de pertencer a “pátria d’água e farinha”, nossa Manaus, capital da Amazônia.

 Ela é uma guerreira, pois apesar de ter um espinhoso oficio de combater o banditismo, na qualidade de Delegada de Polícia Civil, cuida com muito zelo da sua mãezinha, a Dona Lili, da filha e do netinho, ama o seu amor Roberto

Adora visitar os seus irmãos no distante Rio Grande do Sul, além de gostar de cantar e encantar os amigos com a sua afinada voz. Ganhou notoriedade nacional, quando bateu de frente com um peso pesado da politica do Amazonas, tudo em nome do cumprimento do Estatuto da Criança do Adolescente, o famoso ”ECA”, foi perseguida, mas, conseguiu vencer a turbulência, o seu espírito público e a ética falaram mais alto. Entrou na politica, foi candidata à vereança, não conseguiu se eleger, uma grande pena, pois tem capacidade e amor por esta terra de Ajuricaba, talvez na próxima vez seja eleita, ela pode contar com o meu apoio.

Corre nas suas veias o sangue da música, tanto que gravou com os amigos um CD intitulado “Éramos todos Velhos”, o seu forte sempre foi o samba canção; gosta de se apresentar aos domingos no Bar Caldeira, reduto dos velhos boêmios do centro antigo de Manaus, apesar de não ingerir bebidas alcoólicas, vai ao Bar para se reunir com os amigos e jogar conversa fora, cantar, ouvir as piadas do Lió e das gargalhadas do Rochinha, bater um papo com as divas Celestina e a Kátia Maria e ouvir os “flash back” do Jokka, além de ouvir muitas mentiras dos velhinhos – uma forma de tirar o estresse do seu trabalho.

Fiz uma publicação no blog de uma matéria que ela escreveu sobre a sua infância em Manaus, foi assim: “A Vila Carpinteiro Péres, localizada na Avenida Sete de Setembro – Centro, ao lado da Cadeia Pública, mais precisamente na casa de no. 9, foi o local onde eu nasci, em 23 de Novembro de 1948, numa quarta-feira. Meus pais Raymundo Nonato da Silva e Francisca dos Santos Silva me receberam pela ajuda de minha bisavó materna, Dona Maroca – Maria da Conceição Teles, que serviu de parteira. Sou a quarta filha do casal Silva. Minha mãe também nasceu naquela casa em 21 de Julho de 1921. Filha única do Sr. João Lopes dos Santos e de Antonia Teles dos Santos. Meu avô materno era filho de João Lopes e Angélica Maria Lopes, ambos da Foz do Jutai, sendo que Angélica era descendente de índios Inca. Minha avó Antonia era filha de cearenses – Antonio Marinho Teles e Maria da Conceição Teles, ambos naturais da cidade de Crato.Meus avós paternos – Cândido Pereira da Silva e Josefa Maria da Silva, eram paraibanos. Dos meus ancestrais tive a oportunidade de conhecer apenas meu avô materno, João Lopes, com quem convivi por muitos anos.Meus irmãos Assis, Izabel, Nazaré e Nonato; sendo que Nazaré faleceu com 1 ano e 8 meses de idade. Minha casa era toda em madeira, construída no meio do terreno – 50X100, com muitas árvores frutíferas. Era na verdade, duas casas geminadas e meu avô materno morava ao lado. Minha família foi quem primeiro habitou a Vila Carpinteiro Péres, que naquela época em 1910, havia apenas uma casinha construída em taipa, que meu avô JOÃO adquiriu e depois construiu em madeira, coberta de telha de barro a primeira parte e a outra em zinco. Depois a família LOBO, formada pela Sra. Maria Lobo e suas filhas Elza, Isa, Rita, Eubrasia e Salete, foi morar ao lado da nossa casa e depois o Sr. UMBELINO e dona ARCANJELA, com um casal de filhos, Cleide e Cláudio. Anos depois o casal Antonica e Nemésio, Neco e Iva, Carneiro e esposa; Nogueira e Domitilia; Zulmira e os filhos Ruy e Zulmita etc. Uma particularidade, meu avô João casou-se quatro vezes. A primeira mulher não teve nenhum filho e não sei bem nada a respeito dela; a segunda esposa foi minha avó ANTONIA, que faleceu aos 22 anos de idade, quando minha mãe tinha apenas três anos. Ele trabalhava como prático de navios; conhecia os rios da Amazônia, como ninguém, principalmente o Rio Solimões e seus afluentes. Ao ficar viúvo, resolveu casar com a sogra, dona MAROCA, que estava viúva naquela oportunidade. Após a morte de minha bisavó, meu avô casou-se pela quarta vez, com a irmã do meu pai, tia CHIQUINHA e esta felizmente não teve nenhum filho, caso contrário causaria grande confusão, pois tia Chiquinha era cunhada e madrasta de minha mãe, e consequentemente, minha tia e minha avó! Como na casa do meu avô morava apenas ele e a esposa, constantemente se hospedavam lá pessoas que vinham do interior do Estado para tratar de negócios e de saúde.O quintal da minha casa, na época da cheia, ficava a parte dos fundos inundada e permitia que brincássemos, navegando em toras de madeira que escapavam da Serraria Moraes, do lado oposto de minha casa – Educandos. A paisagem vista da janela da cozinha era o bairro de Educandos – um morro cheio de casas, que a noite as luzes cintilavam igual às estrelas no céu. Aprendi a nadar no quintal de minha casa, na época da cheia. Na época da vazante, tomava banho na cacimba, muito bem conservada por minha tia Chiquinha. E isso ocorria quando faltava água encanada. Em noite de luar era uma maravilha o banho na cacimba – água geladíssima e as crianças faziam a maior algazarra, pois os poucos vizinhos desciam uma ladeirinha em direção das cacimbas, sem qualquer modéstia, posso afirmar que a da minha tia Chiquinha era a maior e mais bem cuidada...Que maravilha era tomar banho numa queda d’água, que ficava embaixo da ponte de Educandos, que chamavam “pancada”, isso na época da seca do igarapé, quando ficava apenas um canal, com águas correntes e velozes. Na época da cheia, nosso passeio aos domingos era sair de canoa, com meu pai, remando até o bairro do Japiim – onde morava um amigo dele, num sítio. Passávamos pelo Igarapé do Quarenta, onde havia poucas casas; no Japiim só existia mata. No percurso, íamos observando a natureza, as águas límpidas, que permitia visualizar a areia no fundo do rio, nos igapós, e os peixinhos; no alto das árvores, víamos Araras, Papagaios, Tucanos e passarinhos diversos... Como era bonito!Já na época da seca, fazíamos esse passeio a pé, beirando o córrego. No Quarenta havia uma piscina natural, todo em pedra, onde os evangélicos costumavam realizar o batismo dos irmãos e as lavadeiras utilizavam aquela água cristalina para lavar principalmente, as roupas brancas. E studei no Patronato Santa Terezinha dos 3 aos 13 anos de idade. De lá fui para o Grupo Escolar Farias de Brito, que ficava na Avenida 7 de Setembro, em frente da Escola Técnica Federal do Amazonas, hoje CEFET”. 

É isso ai - Dra. Graça Silva, grande amazonense!

KÁTIA MARIA





A cantora amazonense Kátia Maria passou um ano se recuperando de um AVC – graças ao nosso bom Deus, ela não ficou com nenhuma sequela e, começou a cantar para os amigos no Bar Caldeira, no centro antigo de Manaus. No próximo ano, ela voltará aos palcos, se apresentando ao seu público querido. A sua vida e carreira musical estão servindo para a realização de um filme, os preparativos já começaram.

Para quem ainda não conhece a nossa Kátia Maria, publico o release dos seus “50 anos de Música”, um espetáculo em comemoração a Boda de Ouro realizado no Teatro Amazonas, no dia 02 de dezembro de 2009, contou com a participação especial de Lili Andrade, Cilene Castro, Engrid Nascimento e Flávio de Castro, com a direção de Manoel Passos.


Nascida no dia 10 de março de 1940, na Rua Santa Izabel, no bairro da Praça 14 de Janeiro, a menina Cleonice Galvão do Nascimento, filha do estivador Manoel Galvão e de sua esposa, a dona de casa Francisca Nogueira do Nascimento, ainda na tenra idade, já sonhava viver no mundo da arte inspirada nos musicais exibidos nas telas dos cinemas, na provinciana capital amazonense, que não deixava de frequentar, especialmente quando os astros principais eram Ninon Sevilla, Elvira Pagã ou Maria Antonieta Pons. Essa fascinação a levaria, ainda na adolescência, com pouco mais de 16 anos, junto com a irmã Cleide, mais nova apenas dois anos, a participar de shows que começara a ser realizado pela Rádio Baré, como bailarina de rumba, adotando o nome artístico de Irmãs Galvão. Essas apresentações antecediam os astros principais naquela época, como Carlos Simões, Sheila Maria, Maria das Dores, Estevão Santos, Izinha Toscano, Simas Vieira, acompanhados por exímios instrumentalistas que fizeram fama na época de ouro da Rádio Amazonense, como Olavo Santana, Domingos Lima e Máximo Pereira.

Em abril de 1958, decidiu apresentar-se individualmente, agora como cantora, sendo aprovada imediatamente pelos músicos que faziam parte do cast da Rádio Difusora do Amazonas, inaugurada em 24 de novembro de 1948, que concorria com a Rádio Baré em programações semelhantes, com um palco dotado de piano e excelentes músicos a dirigir a sua programação musical, iniciando uma trajetória que perduraria por mais de 50 anos, tendo sido muitas vezes premiada como a melhor cantora do Amazonas.

KÁTIA MARIA, seu nome artístico começou a ficar reconhecido pelas autoridades ligadas a cultura do Amazonas, quando recebeu várias homenagens, como Rainha do Rádio. No ano de 2002 foi homenageada no espetáculo Mulheres do Brasil, realizado no Teatro da Instalação, com a participação das cantoras Lucilene Castro, Lucinha Cabral, Márcia Siqueira, Fátima Silva, Sinara Nery e Cristina de Oliveira. Em 2005, recebeu a medalha Ana Carolina, o plenário da Câmara Municipal de Manaus, com a presença do mundo artístico e intelectual manauense. Em 2006, recebeu a Medalha do Mérito Legislativo, da Assembléia Legislativa do Amazonas, pelos relevantes serviços prestados a música de nossa terra. No dia 24 de novembro de 2008 no Teatro Amazonas, a cantora Kátia Maria recebeu da Rádio Difusora do Amazonas o Microfone de Ouro, em comemoração aos 60 anos da referida rádio.

É isso ai.

FLÁVIO DE SOUZA, UM GRANDE DESPORTISTA E MÚSICO DO AMAZONAS.



Nasceu em Cruzeiro do Sul, no Estado do Acre, veio com a família, ainda muito pequeno para Manaus, sendo o mais velho de nove irmãos, foi desportista por longos anos, técnico da Rodoviária, São Raimundo, Nacional e Olímpico Clube - foi também comentarista esportivo na Rádio Baré, membro da Associação de Cronistas Esportivos (ACLEA), compositor e exímio violonista.

Quando tinha apenas dezesseis anos de idade, foi com o seu pai assistir a uma partida de futebol no Parque Amazonense (antigo estádio de Manaus), durante o jogo, o seu genitor sentiu uma forte dor no peito, deixou o filho assistindo ao término da peleja e, voltou para a sua casa – quando o Flávio retornou para a sua residência na Rua Luiz Antony, encontrou o seu pai morto.

Por ser o mais velho da família, ficou com a responsabilidade de trabalhar e sustentar a casa – passou por um sufoco muito grande, afinal, eram dez bocas para alimentar (ele, oito irmãos e sua mãe) – ralou muito, foi ajudante de caminhão, trabalhou também para o Senhor Euclides de Souza Lima, na Loja Souza Arnaud, conseguindo, tempo depois, um emprego público, no Serviço de Obras do Estado, oferecendo uma vida melhor para a sua família.

Foi treinador de várias equipes, mas, foi no Nacional e no Olímpico onde fez história – por ser compositor, escreveu o hino para os dois times, sendo o do Nacional uns dos mais bonitos do Brasil – foi escrito em 1965 - iniciava assim:

Nacional, Nacional, Nacional/Teu glorioso pavilhão nos encoraja para a luta e união/Mais querido e sempre amado, pela tua tradição de campeão/Sempre consagrado no gramado, oh clube amado, Nacional do meu coração/Vamos à luta, lutar para vencer/Se for preciso, lutar até morrer...”.

A fotografia ao lado é do dia da posse da diretoria da ACLEA, aparecendo da esquerda para a direita:Leonardo Parente (A Gazeta),Petrarca Vieira (Jornal do Commercio),Guataçara Mitoso (A Tarde),Irisaldo Godot (O Jornal e Diário da Tarde),Gebes Medeiros (Rádio Difusora),Flávio de Souza (Rádio Baré),Edson Paiva (Rádio Rio Mar),Flaviano Limongi (A Crítica) e Wuppslander Lima (o primeiro locutor esportivo do Amazonas).

Por ser um grande violonista, fez amizade com o meu saudoso pai Rochinha (Luthier = fabricante de instrumentos de corda), o conheceu quando ele ainda era empregado no Bandolim Manauense (empresa do Senhor Nascimento), situado na Rua dos Barés, os dois foram grandes amigos por longas datas.

Foi o primeiro musico a acompanhar a cantora Kátia Maria, na Maloca dos Barés e na época de ouro do rádio amazonense (Baré, Difusora e Rio Mar), inclusive, foi um dos mais festejados no show de 50 anos de carreira da Kátia, realizado ano passado no Teatro Amazonas. Ele era muito requisitado pelos cantores que vinham de fora, principalmente de uma portuguesa que se apresentava na sede do Luso Club.

Três dos seus irmãos já faleceram – tive o privilegio de conhecer o Flávio faz alguns anos, além de dois irmãos, o Pavão, um representante de remédios e, o Mark Clarke, treinador de voleibol e musico.

O Flávio está aposentado e, apesar de já ter certa idade, encontra-se muito disposto e bem de saúde, inclusive, gosta de ir aos domingos ao Bar Caldeira, para bebericar uma cerveja, conversar com os amigos e, tocar o seu querido violão, acompanhando as cantoras Kátia Maria, Nazaré Lacute (esta gosta cantar algumas das composições do Flávio), Celestina e Graça Silva. É isso ai.

Fonte: www.bauvelho.com.br 

Foto em preto e branco: o Flávio é o quarto da direita para a esquerda, aparece ao lado dos amigos da ACLEA (Baú Velho);
Foto colorida: No Bar Caldeira, conversando com o Dr. Paulo e o Gilson (J Martins Rocha)

CANTORA CELESTINA MARIA



Nasceu na cidade de Manaus, em 06 de Abril de 1941, foi registrada como Raimunda Celestina dos Santos Oliveira, a mais velha de dezoito irmãos, filha de Aprígio Farias dos Santos e Francisca Patriarca dos Santos – além do dom para cantar, ela é poetisa, compositora, parteira, escritora e mediúnica.

Vem de uma família de músicos, o seu pai era violonista, assim como três dos seus irmãos; o Patriarca, cantor e violonista, fez o maior sucesso no Tropical Hotel de Manaus, onde se apresentou durante vinte e três anos seguidos; o Peteleco da Viola e Nonato da Viola, sendo o primeiro, um dos vencedores do Festival da Canção de Itacoatiara (FECANI) - a estrela Celestina, com apenas cinco anos de idade, começou a cantar e encantar.

O seu pai por ser natural do Estado do Pará, levava toda a família para passar temporadas em Breves, alguns dos irmãos da Celestina nasceram por lá, eles ficavam em constantes idas e vindas entre aquela cidade e Manaus.

Ao se apresentar pela primeira vez na Rádio Difusora, em 1958, com dezessete anos de idade, recebeu do Josué Cláudio de Souza e Ismael Benigno, o nome artístico de Celestina Maria, passou uma temporada fazendo parte do “cast” daquela emissora e, depois, seguiu para a Rádio Rio Mar, era a época de ouro da rádio amazonense.

Ainda muito jovem, com apenas dezenove anos, casou com o protético Raimundo de Azevedo “Baixinho”, foram trinta e quatro anos de convivência. Durante todo esse tempo, a Celestina foi praticamente impedida pelo marido de cantar, mesmo assim, foi um das pioneiras a se apresentar, em 1985,  no programa “Carrossel da Saudade”.

Para sobreviver com dignidade, teve de trabalhar muito e, ajudar ao marido a criar os seus filhos, fez um curso de “Parteira”, na Legião Brasileira de Assistência (LBA), foi assistente do Dr. Lúcio Machado e do Dr. Gil Machado, no Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Manaus e, trabalhou também na Cruz Vermelha, em Belém, ajudando a colocar muitos brasileirinhos no mundo.

Cantou também nas rádios Barelândia (AM), com o Mestre Angico do Cavaco; em Abaetetuba (PA) e Paraíba do Norte/Campina Grande (PB), porém, somente aos trinta e sete anos foi quando tirou a sua carteira da Ordem dos Músicos do Amazonas.

Com a morte do seu marido, ocorrido em 1995, voltou com força total aos palcos, conseguindo, após os sessenta anos de idade,  gravar o seu primeiro CD, intitulado “Seguindo as Voltas do Mundo”, com o apoio do jornalista Sebastião Assante, na época Secretario de Cultura de Manaus, no projeto “Regatão Cultural”.

O segundo CD foi a “Quarta Cultural”, uma coletânea, contou com o apoio da Thereza Brandão, proprietário do Restaurante São Francisco, no bairro de Educandos – o terceiro foi “Boleros Inesquecíveis” e, acaba de lançar o quarto, chamado “Celestina Maria – Meu Glamour”, com 17 músicas inéditas, sendo todas de sua própria autoria.

Ela adora participar de festivais de musicas, foi quarto lugar no Festival da Canção de Itacoatiara, em 1997, com a música “Imigrante Clandestino”, além de ter tirado o primeiro lugar como a “Melhor Intérprete de Poesia”, com a composição poética “Flor de Liz”. Foi muita aplaudia no 2o. Festival de Música do Amazonas (FAM), com a sua composição "Droga Maldita".

A Celestina Maria está completando 70 anos de idade, mãe de três filhos, quinze netos, sete bisnetos, com mais dois a caminho - está com todo o gás, não pensa nem um pouco em se aposentar, continua se apresentando nos festivais de musica, no programa Carrossel da Saudade, além dos bares Caldeira, Chão de Estrelas, Cipriano, ET Bar, Gestinha e, onde for convidada.

Ela possui o seu próprio estilo em se vestir, algumas pessoas acham que ela é um pouco extravagante. Gosta de confeccionar as suas próprias roupas, abusando um pouco nos colares, brincos, anéis e pulseiras, além da maquiagem,  mas, o mais importante é sentir-se bem com a sua indumentária e consigo mesma.

Não esconde de ninguém o seu gosto por um batuque, um culto aos orixás, uma herança dos seus ancestrais. Adora o nosso carnaval e, já desfilou pela Escola de Samba Sem Compromisso, no Grupo Especial, em 2009.

Ela almeja um dia viajar pelo mundo afora, com uma parada no Rio de Janeiro, pretende ir até o Morro da Mangueira e, visitar a sua escola de samba querida e cantar algumas das suas composições para os sambistas cariocas. Pretende também conhecer os Estados Unidos, principalmente, as cidades de Orlando e Miami (Califórnia) e, cantar para os gringos.

Para finalizar, a Celestina Maria está escrevendo o livro “Minha Vida, Minha História”, com poesias e orações. Quem desejar contratá-la para shows ou adquirir os seus CD’s, deve ligar para os números 92 9180-3963 e 92 8184-3835.

Vamos curtir um pouco da voz da Celestina no Youtube http://www.youtube.com/watch?v=bBpZd95Diw4.  Aplausos, ela mereçe! É isso ai.

Fotografias:
1. Celestina  - Virada Cultural (PMM);
2. Cantoras Nazare Lacute, Beth (filha da Celestina) e Celestina - Bar Caldeira (J Martins Rocha).

AVISO AOS CALDEIRENSES

  O nosso novo BLOG está fase de testes e, no decorrer da semana faremos os ajustes necessários.

  As matérias publicadas abaixo,  são de autoria do Rochinha do BLOGDOROCHA - posteriormente, faremos postagens de eventos, fotografias e avisos, tudo relacionado, especificamente, ao "Caldeira Bar".

 Aceitamos críticas, sugestões,  fotografias e matérias para serem publicadas - favor enviar para o e-mail caldeirabar@gmail.com 

ARRASTÃO NO BAR CALDEIRA DE MANAUS


Sexta-feira, início do mês de abril, saiu uma notícia numa rádio de Modulação em Amplitude (AM), dando conta de um arrastão que aconteceu num bar tradicional de Manaus, a informação foi passada depois “de boca em boca”, fazendo aquela famosa corrente “rádio cipó”, até chegar aos ouvidos dos frequentadores mais assíduos, cada um contava uma história diferente e aumentava cada vez mais o ocorrido "de fato". O lance foi mais ou menos assim: em plena luz do dia, cinco pivetes “cheira-cola”, resolveram fazer o famoso “arrastão”, o alvo foi o Bar Caldeira, tradicional boteco do centro de Manaus, local frequentado pela velha guarda do samba, músicos e profissionais liberais. O primeiro a ser abordado foi um cara conhecido pela alcunha de “Jacaré”, um morador antigo da “Vila Lavou Tá Novo”, na Rua dos Prazeres, 69 (antiga Rua Lobo D´Almada); o coitado estava mais liso do que “sabão na tábua”, mesmo assim, levou uns cascudos para nunca mais sair sem dinheiro, ainda levaram do “Jaca” a sua eterna camisa “O Mengo é Dez”. O segundo do “arrasta” foi um sujeito conhecido Brasil afora, como “Dólar Furado”, um potoqueiro de primeira linha, gosta de se gabar que é amigo do peito do “Sarney do Maranhão” (não seria melhor ser amigo do “Jader do Pará”? Dava no mesmo! ), meteu o papo furado a torto e a direito, falou e disse, que se fosse roubado, os meliantes seriam procurados pela Tropa de Elite do BOFE, além da Federal e, até da Interpol, se fosse necessário; não teve jeito, os meninos levaram um relógio Rolex falso, um celular “Shing Ling” e um dólar furado, é claro! O vendedor de discos, conhecido como “Interbairros”, ele anda a pé por todos os bairros de Manaus - foi outro pobre coitado que estava no lugar e na hora errada, ele tinha acabado de comprar quinze CD´s originais, vendidos no queima da Loja “Disco Laser”, não adiantou propor  aquela sua frase manjada: - Vamos, hoje, sentar à mesa de negociação? E, nem argumentar a famosíssima tacada final: - Tô deitado na pedra do IML, morto financeiramente, vou comer capim pela raiz de tão liso que me encontro!. Lá se foram todos os discos e vinte reais da venda do dia. Os safados não liberaram nem uma senhora septuagésima, a famosa cantora Celé, conhecida em todas as casas de samba e de macumba de Manaus; não adiantou ela berar alto e em bom tom: - Sou protegida por São Jorge e pelo Estatuto dos Idosos, nem pensem em me roubar, senão, vocês serão detidos por uma grande amiga, delegada da Civil, serão todos encaminhados direto ao Melo Matos! Sem chance para a nossa considerada Salé, levaram da coitada uma caixa com nove CD´s de sua autoria e dez reais (ela tinha penado para vender um único exemplar), além de brincos, pulseiras, cordões, colares de pérolas e o escambau a quatro de bijuterias da Rommanel (a mulher anda toda enfeitada, parece uma árvore de natal, chama muito a atenção dos criminosos), os seus amigos estão pensando em fazer “uma feijoada beneficente” (agora está na moda) para arrecadar fundos e compensar o “rombo” da Celé! Passaram também pelo arrastão: 1. Doutor Lió: dois maços de cigarros, um óculo “Raymundo” e um boné do Botafogo; 2. Rochinha: uma máquina digital da Panasonic, uma sandália “Croc” e um monte de fotografias em preto e branco da Manaus antiga; 3. Jokka: uma marmita até o “tucupi”, com peixes fritos, vatapá, feijão e arroz e um monte de CD´s de brega; 4. Paulo Botão: um relógio “Caterpillar”, um óculos “Ray Ban” e um par de tênis da “Nike”, tudo ori-gi-nal!; 5. Português Olavo: um boné, um par de dados e uma cartela de Viagra vencida; 6. Companheiro Inácio: um quadro de pintura abstrata, avaliada em duzentos contos – os caras levaram o maior susto quando ele mostrou o maior patrimônio que ele tem: uma “piroca” de um palmo e três dedos de comprimento! 7. Sacy da Aparecida: uma sacola rasgada, contendo agogô, reco-reco, tamborim, triângulo, claves e uma caixa de “Gardenal”, utilizado quando ele “imagina” que está sendo “chifrado” pela sua gata Elizabeth; 8. Roberto Paraense: tinha acabado de chegar de férias da sua terra natal, os meninos não perdoaram, levaram um quilo de camarão Aviú. Para finalizar, pegaram ainda mais dois, um é metido a filósofo, fala que nem a “preta do leite”, mas, numa situação dessas, ficou caladinho da silva, parecia até que comeu “Abiu”, levaram trinta contos (o dinheiro era para pagar seis ampolas de cevadas) e um livro do poeta Antístenes Pinto; acredito que os moleques devem ter vendido num “sebão” do centro (não leram, nem com nojo de pitiú de bodó) e, por último, abocanharam a grana do dono do estabelecimento, um português do Careiro da Várzea (não confundir com Póvoa de Varzim), ele tentou resistir até o último instante, ficou nervoso, deu uma topada, saindo uma unha do dedão esquerdo, ficou ainda tão puto da vida que fechou o bar por apenas duas horas (afinal, todo português é um judeu da vida). No final da tarde, foi um corre-corre até o bar, era gente saindo pelo ladrão, todos querendo saber o que realmente tinha ocorrido, depois, ficaram sabendo que tudo aquilo fora apenas uma armação, os gozadores estavam apenas comemorando o primeiro de Abril, considerado “O Dia da Mentira”. Fazer o quê, depois dessa, voltou tudo ao normal, a moçada botou para beber, comer churrasquinho de gato, ouvir a seleção do Jokka e contar mentiras até as dez da noite, horário em que o bar é gentilmente fechado pelo Adriano. Eu, hein!

O NOVO CALDEIRA’S BAR

A ideia inicial era passar a sexta-feira em casa, curtindo a minha netinha, mas, na boca da noite recebi um telefonema do meu amigo Manoel Cruz: - Rochinha, você está intimado a comparecer, agora, no Bar Caldeira, está tudo mudado, da melhor qualidade, inclusive, o Lúcio Bahia & Sem Uma Banda irão se apresentar logo mais, vêm logo, todos estão te aguardando!  - com uma intimação dessas, sem chance de ficar em casa brincando de vovó com a filha da minha filha. Fui!

Em apenas poucos dias da nova administração do boteco, o novo proprietário “botou no toco”: mudou o leiaute, fez pinturas interna e externa, colocou mesas e cadeiras novas (em madeira de lei), utilizou a parte da rua que está interditada (a Rua dos Prazeres, antiga Rua Lobo D’Almada) e, otras coisitas más.

Quando cheguei, o fuzuê estava no auge, com o Lúcio arrebentando na voz e violão, acompanhado por um batera da melhor qualidade, depois, houve uma canja da Celestina e do Patriarca – uma coisa surreal, pois o Adriano Cruz (gestor anterior) não permitia nem o freguês cantarolar, imagine uma banda tocar dentro do boteco.

O botequim estava até o tucupi de gente, com antigos e novos frequentadores – bati um papo com o meu mano Rocha Filho, depois, entrei na rodada com o Jorginho do Hemoam, Celeste da Sefaz, Maurilio, Cruz, Lucio Bahia, Jokka e Neto, Marcelo Contador, Adriano, Tio Acran (o sósia do árabe), Rony Codoense, Celestina e Patriarca e, outros que não me lembro mais em decorrência da amnésia alcoólica.

O Roberto Paraense é um dos frequentadores mais assíduos do boteco, todo dia ele bate ponto no lugar e, aos domingos comanda toda a parafernália do som, além de fazer a marcação do ritmo no atabaque - por merecimento, foi convidado pela atual dono para gerenciar o bar nos finais de semana.

Conversei com o Carbajal (proprietário), ele me incumbiu de escrever sobre a história do bar e preparar as fotografias antigas para a decoração do estabelecimento – deixa comigo, essa é a minha praia!

Ele também enumerou o que pretende fazer:
 1 - Batalhar para conquistar os clientes atuais e, reconquistar os antigos que deixaram de frequentar o boteco;
2 - No carnaval, colocar na rua a Banda do Caldeira’s Bar, com muitas marchinhas, instrumentos de metais, confetes e serpentinas, aos moldes da coirmã BICA do Bar do Armando;
3 - Instituir o dia do Caldeira’s Bar – por minha sugestão, será exatamente no dia em que houve a explosão da caldeira do Hospital da Santa Casa de Misericórdia, pois neste dia, uma parte foi parar bem próximo ao boteco, em decorrência desse fato, houve a mudança do Bar Nossa Senhora dos Milagres, para Bar Caldeira;
4 – Contratar os cantores amazonenses para se apresentarem as sextas-feiras;
5 – Dotar de todo a infraestrutura, com WC masculinos e femininos, revitalizar o prédio, pois ele pertence ao centro histórico de Manaus, ficando tudo do bom e do melhor, visando atrair os turistas nacionais e estrangeiros e, se adequando tendo em vista a Copa do Mundo de 2014.

Senti que a “alma” do bar está preservada, além de estar mais atraente, mais humano. E viva o Caldeira’s Bar. Viva!

Fonte: www.jmartinsrocha.blogspot.com 

VINICIUS DE MORAES E O BAR CALDEIRA DE MANAUS




VINICIUS DE MORAES – carioca da Gávea, diplomata, dramaturgo, poeta, compositor, boêmio inveterado, fumante, conquistador voraz e apreciador de uísque, o nosso eterno “poetinha”, aos 61 anos de idade fez uma visita a cidade de Manaus, pouco menos de seis anos antes do seu falecimento - resolveu bater o ponto no “Bar do Caldeira”, centro antigo de Manaus.

A fotografia antiga é de 13 de Setembro de 1974, aparecendo o poeta sendo paparicado pelo então vereador Fábio Lucena (de gravata), professor Valdir Garcia (de gravata), radialista José Maria Pinto (blusa estampada) e por outros boêmios.

Ele gostou tanto do boteco que deixou para a posterioridade um bilhete “Declaro, proclamo e assino que nesta sexta-feira, 13 de mês de Setembro de 1974 estive no “Caldeira”, na boa e carinhosa companhia dos maiores boêmios de Manaus. E adorei. Vinicius de Moraes, 13.9.74”.

BAR DO CALDEIRA AOS DOMINGOS - Para quem não sabe, de segunda-feira a sábado o bar é administrado pelo Adriano Cruz, um descendente de português, nascido no Careiro da Várzea, interior do Amazonas, ele toca o estabelecimento com a mão de ferro, não permitindo ninguém tocar qualquer instrumento, muito menos, cantar qualquer canção, porém, no domingo a coisa toda muda de feição, o comando do bar fica sob a batuta da Dona Maria, uma portuguesa- cabocla, católica fervorosa e, que adora ver o seu bar cheio de músicos, cantores e beberrões.

O Adriano Cruz por ser um pouco turrão com a maioria dos clientes, no domingo, ele é barrado no baile; chega por lá por volta das 15 horas, na qualidade de consumidor, não é permitido dá “pitaco” e nem se intrometer no bar; sempre vem acompanhado da sua esposa, trazendo sempre um tira-gosto para os amigos – neste dia, ele é outra pessoa, toma todas, dar gargalhadas, conta piadas e fica gozando das caras de uns e de outros.

O único dia em que a Dona Maria não vai à missa é exatamente no dies dominicu“domingo, o dia do Senhor”, o dia do descanso para os católicos - ela esquece a igreja e a sua religião, acorda cedo e se desloca para o seu bar, abrindo ao público exatamente às oito da manhã e, fechando somente doze horas depois.

Conta com o apoio de outro irmão, o Arnaldo, um cara calmo e tranquilo, sendo escalado para pegar no pesado, fazer a segurança, além de atender ao pessoal que fica na parte externa do bar.

Existe um pessoal que frequenta somente pela parte da manhã, eles gostam de tocar violão acústico e cantar as melhores músicas da nossa MPB, além de consumirem bastante “loura gelada” – este seleto grupo é formado pelo Paulo Farmacêutico, Ornan, Cláudio Amazonas, Kátia Maria, Neto do Pandeiro, Rinaldo Buzaglo, dentre outros.

A partir do meio-dia pinta no pedaço o pessoal considerado “profissional”, chegando a hora de uma parte da turma do acústico cair fora, pegar o beco! O Roberto Paraense monta os equipamentos e, começa o show, com muita música samba-canção e boleros, entrando em campo os cantores: Cabral, Lúcio Bahia, Celestina, Doutora Graça, Katia Maria e Nazaré Lacute – acompanhado pelo Jorginho, Garoto (Wilton) & Geralda, Roberto, Neto, Buriti, Flavio de Souza, Zé da Manola, Moisés, Marcia & Augusto e, muita gente boa!

Depois das três da tarde começa a chegar mais gente, o bar fica entupido até o tucupi, com turistas, jovens estudantes, professores universitários, além de muita gente da terceira idade.

O Jokka Loureiro traz uns petiscos para a galera, depois dá uma palinha, cantando muita musica de puteiro. O Sacy da Aparecida faz o diabo na percussão, fazendo umas performances um tanto sensual.

O samba impera, tomando a conta do pedaço, com o Mark Clark e o Manoelzinho fazendo miséria no Cavaquinho e, com o Negrão e Moisés no Violão. A disputa fica feia, com muitos cantores novatos querendo fazer bonito. Dando a conta do recado: Telba, Dom Pedrito, Floriano, Celestina e a Graça Silva.

Até as oito horas da noite, o bar fica apinhado de gente cantando, dançando e bebendo. Quem passa ao largo, fica admirado em ver aquelas pessoas esbanjando muita alegria e descontração. E isso ai, até domingo no Bar Caldeira!


Aviso aos navegantes: o bar fica na Rua José Clemente, no. 237, esquina com a Rua Lobo D´Almada (atual Rua dos Prazeres), telefone 92 3234-6574 – o nome é em decorrência de uma explosão de uma caldeira do Hospital Santa Casa de Misericórdia, uma parte do tanque foi parar bem perto do Ba
r.

Vinicius de Moraes e fotografia ==> fonte: Amor de Bica (Simão Pessoa) 
Fonte: www.jmartinsrocha.blogspot.com

A EXPLOSÃO DA CALDEIRA DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA

Passados quarenta anos, ainda hoje é comentado este trágico acontecimento na cidade de Manaus, com os mais jovens desejosos de saber o motivo da mudança do nome do “Bar Nossa Senhora dos Milagres” para “Bar Caldeira” e, a pedido do novo proprietário desse tradicional estabelecimento, o Senhor Carbajal, efetuei pesquisas em diversos jornais antigos, demandando três semanas de intensas buscas, pois as datas relatadas pelos antigos donos, frequentadores  do bar e moradores do entorno, todas eram controversas.

No dia 14 de Janeiro de 1970, numa quarta-feira fatídica, batiam os sinos da Igreja de São Sebastião, eram exatamente 10 horas de manhã, quando houve a primeira explosão, com um barulho ensurdecedor, todos os moradores das Ruas José Clemente e Lobo D’Amada correram para as janelas de suas casas, viram voando pedras e destroços por todos os lados e, achavam que era um terremoto.

Dois minutos depois, houve a segunda explosão, jogando pelos ares fragmentos de corpos e uma enxurrada de pedras, abrindo fendas na parede onde estava a caldeira, por uma delas, foram jogadas duas pessoas, uma estava sem a cabeça e, a outra, sem os braços e as pernas.

A terceira explosão foi mais forte, chegando a tremer o Tribunal de Justiça, o Quartel do Comando Militar da Amazônia, a Gráfica Rex e dezenas de casas da José Clemente, Lobo D’Almada e Dez de Julho.

Uma pedra caiu dentro do pátio do Comando Militar da Amazônia (atual Colégio Militar), uma parte da caldeira, pesando quase oitenta quilos, caiu dentro de casa de numero 451, quebrando a parede e destruído parcialmente o telhado, além de quebrar quase todas as vidraças das casas do entorno.

Os primeiros a prestar socorros foram os militares que faziam exercícios no Campo do General Osório – com as ordens do Capitão Costa, tiraram as pedras e escombros que estavam em cima do Arsênio Pereira de Matos, porém, não resistiu aos ferimentos, vindo a falecer na entrada do Pronto Socorro São José.

No total foram três mortos e quinze feridos – além do Arsênio, faleceram Benjamin Silva dos Anjos e Lindalva Ferreira Lima e, entres os feridos, estavam Jovelina da Silva Almeida, Teresa Barbosa de Souza, Lilian Alves do Nascimento, Edvige Alves Saraiva, Raimunda Tavares Santos e Augenira de Souza, o menor Fausto Araújo e outras crianças que brincavam de bola na calçada do hospital pela Rua José Clemente.

O acidente foi tão grave que, estivem no lugar várias autoridades para prestar apoio e solidariedades às vitimas e familiares, ente eles, o governador Danilo Areosa, o Prefeito Paulo Pinto Nery e vários oficiais da Policia Militar.


O Benjamin Silva, era foguista da caldeira e, dias antes da acontecer a explosão, fez a seguinte declaração para a sua esposa, de seus receios “Estou pensando naquela caldeira. Ela está velha demais e só vive furando, não adianta consertar que ela fura de novo. Eu já falei que ela não aguenta mais”.

Segundo os peritos que estiveram no local, a causa do acidente foi a super pressão no interior da caldeira, em decorrência do entupimento da válvula de escape e o excesso de lenhas colocadas pelos foguistas.

Os senhores João Martins da Silva, Newton Aguiar e José Ribeiro Soares, do Conselho Deliberativo da Santa Casa, explicaram que a caldeira estava em boas condições de funcionamento, sendo recondicionada, em 1968, pela firma Souza Pinto, na qual fizeram um teste de pressão de 200 libras – culpando os funcionários por erros ou descuidos na manobra dos controles.

Agora que já sabemos da história, está explicado o porquê do nome “Bar Caldeira”, pois naquele ano, ele se chamava “Bar Nossa Senhora dos Milagres” e, por um milagre, nenhum boêmio foi atingido pelos destroços da explosão da caldeira do Hospital da Santa Casa de Misericórdia.

Passados todos esses anos, será instituído, doravante,  “O Dia do Caldeira’s Bar”, exatamente no dia 14 de Janeiro, por sinal, o mesmo dia dos festejos do bairro da 14 – aliás, o dono do estabelecimento não deseja de forma alguma relembrar aquele dia fatídico, mas, a data em que houve a mudança do nome do bar.

Agradecimentos: Esta postagem não seria feita, caso não houvesse a colaboração dos funcionários do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA); do Raimundo Nonato Braga, do Centro Cultural Povos da Amazônia (CCPA) e, principalmente, do Charles Costa e Wilson Cruz Lira, da Biblioteca Pública do Estado Amazonas (apesar de estar fechada ao público, eles não mediram esforços para encontrar os jornais que continham a matéria).

Fontes: Jornal do Commercio e Jornal A Critica, edição de 15 de Janeiro de 1970.
Fonte: www.jmartinsrocha.blogspot.com